sábado, 12 de janeiro de 2013

Pedro - BONDADE, CARIDADE, SOLIDARIEDADE


Amigo Pedro, hoje dirijo-me a ti. O camarada Van Zeller foi passar o ano nas Maldivas, está demasiado longe para que a minha voz lhe chegue. Acabei agora mesmo de ler a tua mensagem de Natal no Facebook e só posso dizer-te que me sinto profundamente desiludido. 

Afinal, Pedro, és tão piegas quanto a maioria dos portugueses. A época natalícia desmascarou-te, despiu-te da armadura de ferro, amoleceu-te. Falas-nos como se fosses um convidado da Oprah ou um entrevistado do Alta Definição, esvaindo-se em lágrimas de menino pendurado numa qualquer parede de um qualquer solar português. Dizes, ó Pedro, que este Natal não foi o Natal que merecíamos. 

Reconhece-lo depois de teres acabado com essa gordura social do décimo terceiro salário. 

Convenceste-nos de que precisávamos de fazer dieta, e agora vens vender-nos a banha da cobra em que terás banhado as azevias da Laura. Lamentas que muitas famílias não tenham gozado na Consoada “os pratos que se habituaram”, como se os pratos tivessem hábitos. E que muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa, como se isso fosse um problema para quem já nem mesa tem. Quanto mais família! Deves pensar que andamos todos a cultivar afectos, estimulados quiçá pela literatura da E. L. James. 

Mas tu não vês, ó Pedro, que os velhos foram abandonados, as criancinhas deglutidas e os gérmenes secados que nem figos? 

Não andas a escutar com atenção o Presidente da República. Se escutasses, também tu questionar-te-ias sobre o que mais é preciso fazer para que nasçam crianças em Portugal. E também tu ficarias fascinado com a mungidura das vacas e os méritos do bolo-rei em bocas amordaçadas. 

Os portugueses que não puderam dar aos filhos um simples presente deviam dar os filhos a este Pedro. Ele que os crie com pratos de Sacavém. 

Ó Pedro, tu não és assim. Tu és outra coisa qualquer, tu és um Trinitá da política portuguesa. 

Resta-me a esperança de que esta tua metamorfose não seja, em boa verdade, tão piegas quanto aparenta. Talvez sejas um menino da lágrima a verter crocodilos pelos olhos. Afirmas, numa sintaxe elíptica de fazer inveja aos maiores poetas da língua portuguesa, que “já aqui estivemos antes”. Interrogo-me sobre onde será o aqui em que estivemos, tu e eu, Pedro, os dois, antes. 

A comida que então esticava para todos lembrou-me a sardinha para três de que tantas vezes me falou meu pai, mas nesse tempo não havia presentes maiores nem menores, as pessoas não lavavam os dentes e poupavam no banho. Não havia presentes, nem solas nos sapatos. Ponto final parágrafo. 

Este ano que para muitos foi um ano cheio de sacrifícios, Pedro, não foi “apenas” mais um ano. Foi o ano em que vimos a excelência administrativa de um Oliveira e Costa a ser premiada com mesas exíguas na Consoada das famílias portuguesas. Pergunta ao José Oliveira e Costa de que tamanho era a mesa dele, e que prendas deu à filha Iolanda, e pergunta ao Caprichoso que pratos lhe levaram à mesa, e ao Monteverde se dividiu as sardinhas, e ao Duarte Lima se comeu bacalhau ou se partilhou com o filho uma lata de atum, pergunta ao Arlindo Carvalho e ao Almerindo Duarte e ao Dias Loureiro, e ao Aprígio e ao Joaquim Coimbra e ao Fernando Fantasia e ao Catum, que conhecerás bem melhor do que qualquer um de nós, pergunta-lhes, Pedro, os sacrifícios que têm feito. 

Pergunto-te eu, Pedro, se é neles que pensas quando pensas nos que estão a sofrer. Se não é, devia ser. 

Devias pensar mais neles e noutros como eles, como esses a quem vais dando abrigo nas tuas lágrimas de Pedro. 

Pergunta ao Relvas se dividiu o bacalhau com os angolanos. 

Ou então aprende com o César das Neves e deixa de ser piegas, varre essas mensagens de facebook para debaixo do tapete como fizeste com todas as promessas que te trouxeram ao poder. 

Emigra, ó Pedro, faz desta crise uma oportunidade, desperta o que de melhor há em ti, mata-te, emigra, enclausura-te num mosteiro, faz qualquer coisa de útil para todos nós. Leva a Laura a passear à Sibéria e não regresses. Porque não é com orgulho que fazemos sacrifícios, estimado Pedro, muito menos supondo que esses sacrifícios trarão aos nossos filhos um futuro melhor. 

Mas qual futuro, ó Pedro? Tu, que ainda vês futuro onde já só se avista desesperança, explica-nos como alegrar os dias num país onde a morte ultrapassa a vida. Tu não percebes, Pedro, que estás a falar para 900 mil desempregados e outros tantos perto de o serem?

Ou julgarás que só a Jonet e o César das Neves fazem um país inteiro? 

Pedro, ao pé de ti o embuste Artur da Silva é uma anedota para entreter meninos, uma piada de mau gosto, um número de stand-up comedy. Tu sim, Pedro, tu és o grande embuste que nos saiu na rifa, tu mais as tuas garantias e a alegria misericordiosa das Jonet e dos César das Neves, o vaselina Ulrich e o Relvas da consciência tranquila. Tenho a certeza de que caberão todos a uma mesma mesa, a mesa dos caras-de-pau

À bondade, caridade e solidariedade da tua estirpe, eu continuo a preferir sentar-me à mesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade… Pedro. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Já cheira a Revolução

Há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-­‐se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumáBco, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos! Tal como ocorreu noutros períodos da história recente, no status políBco-­‐ industrial saído da Europa do pós-­‐guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém AtlânBco), ou na crise do petróleo de 73. Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores": 1º-­‐ A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-­‐se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais -­‐ a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico -­‐ têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !... 2º-­‐ A Crise do Petróleo : Há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definiBva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer senBr-­‐se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem uBliza frequentemente o avião, assisBu há semanas, a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc... 3º-­‐ A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas nsicas comerciais que implicam transporte irão sofrer forossima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial. 4º-­‐ A Imigração : a Europa absorveu nos úlBmos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e massivas!), a inflação controlada, etc... 3º-­‐ A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas nsicas comerciais que implicam transporte irão sofrer forossima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial. 4º-­‐ A Imigração : a Europa absorveu nos úlBmos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-­‐chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-­‐se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e por melhor estatuto sócio-­‐económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-­‐ primas e da pobreza deles)! 5º-­‐ A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-­‐se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho ConBnente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e, descontados alguns maBzes e diferente gradação, as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, força social e capacidade de intervenção. 6º-­‐ A Europa Morreu : embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-­‐PolíBcos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, já não tem liderança e já não consegue definir quaisquer objecBvos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e "seus valores" deu-­‐se há dias na Irlanda! 7º-­‐ A China ao assalto! A construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em saBsfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios.... da China. O gigante asiáBco vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia... Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxBl foi uma brincadeira de crianças! Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o Bpo de produtos da China, que está a qualificá-­‐los cada vez mais. novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia... Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxBl foi uma brincadeira de crianças! Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o Bpo de produtos da China, que está a qualificá-­‐los cada vez mais. 8º-­‐ A Crise do EdiIcio Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-­‐se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum... 9º-­‐ O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha! 10º-­‐ A Revolução Tecnológica : nos úlBmos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-­‐se a um ritmo 9 vezes superior à média dos úlBmos 5 anos! Eis a Revolução! Tal como numa conta de mulBplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-­‐nos-­‐ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-­‐nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, e esBlos de vida mais modestos, recreaBvos e ecológicos